segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ei psiu, olhe para mim

Bem mais próximo do que se imagina



“E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu lhes”. Lucas 24:30-31


Havia se passado três dias desde a morte de Jesus, dois discípulos no caminho de Emaús seguiam tristes de olhos fechados, pois haviam recebido a notícia de que o corpo dele não estava mais no sepulcro. Na madrugada daquele mesmo dia, Maria Madalena, Joana e Maria foram ao túmulo onde seu corpo estava e não o encontrou, a pedra estava revolvida. Elas depararam-se com dois anjos que avisaram que ele não estava lá, pois já havia ressuscitado. As mulheres foram correndo contar aos apóstolos, que não creram em suas palavras. Enquanto seguiam pelo caminho, Jesus aproximou-se deles, e eles não o reconheceram. Vendo a tristeza em seus rostos perguntou-lhes o que havia acontecido, eles pensaram que Jesus fosse algum peregrino, pois toda Jerusalém comentava a respeito da morte e do sepulcro vazio. Mas ainda em meio a dor eles responderam a Jesus, falou sobre a morte na cruz daquele que seria o Salvador, da visita das mulheres ao túmulo e da visão dos anjos. Jesus ouviu atentamente, e em seguida começou a falar-lhes sobre as escrituras, sobre o que disse os profetas sobre a morte e a ressurreição no terceiro dia e eles seguiram ouvindo lhe. Ao chegar à aldeia, eles interromperam a caminhada e Jesus fez como quem ia seguir viagem, então estes vendo que era muito tarde o convidou para passar a noite e cear com eles. Jesus aceitou. Estando todos à mesa, ele pegou o pão deu graças, o abençoou, partiu e entregou a cada um, e foi neste momento que eles o reconheceram, em seguida Jesus desapareceu diante deles. Maravilhados com o cumprimento da profecia eles correram ao encontro dos demais e disseram: “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor”.

O ato de fechar os olhos diante uma situação é um sinal de negação. De acordo com a psicologia quando uma pessoa não quer aceitar o que vê ou uma situação em que vive ela tapa os ouvidos ou fecha os seus olhos, como uma forma de negar a realidade. Os discípulos estavam negando a realidade, não queriam enxergar e aceitar o que o próprio Jesus disse quando estavam juntos, que iria acontecer (Lucas 9:22). Apegaram-se tanto a dor da perda e da circunstância que se esqueceram da promessa. A palavra diz que logo após ser reconhecido por eles, Jesus desapareceu. Eles desfrutaram muito pouco da sua presença. Eles estavam ligados ao que ocorrera no plano físico e não no espiritual. Eles sabiam das coisas que os seus olhos podiam ver, um homem traído, morto na cruz, colocado em um sepulcro, cujo corpo eles não sabiam onde estava. Mas no plano espiritual muita coisa ainda estava oculta, uma guerra havia sido vencida. Como um cordeiro, Jesus foi sacrificado para que fôssemos vivificados por Ele. Assim como a morte veio por um homem (Adão), a ressurreição veio também por um homem (Jesus) (1Cor 15:21). Jesus tomara as chaves da morte e do inferno, pisando na cabeça de Satanás, remindo a todos, lavando os do pecado. Se aqueles discípulos estivessem firmados no que diziam as escrituras eles poderiam descansar mesmo em meio a dor, pois sabiam que Jesus ia voltar e viver toda a eternidade. Os seus olhos estariam abertos aguardando que o Messias aparecesse a qualquer momento, e tendo eles a oportunidade de ter a sua companhia durante a viagem, eles poderiam ter ouvido muito mais acerca do Reino de Deus, sobre o que houve nos bastidores no reino espiritual, teriam tido muito mais informação sobre aquela guerra que Jesus acabara de triunfar, ao invés disso eles lamentavam tudo o que estava acontecendo, demonstraram decepção, pois Jesus era a promessa da libertação de Israel, e ele já não estava mais ali.  Então eles seguiram com murmurações e questionamentos, num total apego a dor e ao passado.

Entre tantas passagens da bíblia essa arde em meu coração, pois me trouxe uma experiência muito linda com o Senhor. Era uma tarde de sábado, estava lendo os evangelhos e havia pedido que o Senhor se revelasse a mim, queria conhecê-lo mais para desfrutar melhor de sua presença em minha vida. E foi lendo a respeito dos discípulos que caminharam do seu lado, enquanto lamentavam sua ausência, que o Senhor falou forte em meu coração. “Eu estou aqui do seu lado, olhe para mim”. Em lágrimas ajoelhei-me e adorei ao Senhor ali mesmo na sala de casa. Imagina a emoção dos discípulos quando reconheceram Jesus, ao vê-lo sentado à mesa em um momento de comunhão. Penso eu, que Jesus deve ter dado um sorrisão aos discípulos, tamanha era sua alegria ao ser reconhecido, acredito também que naquela tarde na sala da minha casa não fora diferente. E desde então me atentei a manter os meus olhos abertos para desfrutar de sua presença. E foi assim que consegui a cura de traumas que carregava desde minha infância. Deus expõe e traz a tona tudo o que está oculto, esse processo causa muita dor, mas é necessário, afinal como é possível curar uma ferida sem que antes ela seja limpa e medicada? Quando lembranças indesejáveis vinham a minha mente, eu fechava os meus olhos de imediato, impulsivamente. Quando finalmente eu compreendi que aquela ação era uma forma de negar a realidade, de evitar o confronto, eu me lembrava dos discípulos a caminho de Emaús, aliás, lembrava que o mesmo Jesus que os acompanhou estava do meu lado também, e então eu abria os meus olhos e pedia ao Senhor que completasse tua obra em minha vida, e independente da dor que eu pudesse sentir, que ele não limitasse o seu agir e viesse tratar e curar. Isso sempre terminava em quebrantamento, choro e logo em seguida paz, muita paz. 

A mensagem que o post de hoje nos traz, e que somente ao abrir os olhos eu pude compreender, é que em todo caminho por mais doloroso que seja tem muita aprendizagem, mesmo em meio a dor ou em meio ao vale, a presença de Deus é certa em nossa vida (Salmo 23:4), mas o desejo Dele é de nos ensinar durante o percurso, revelar-se de uma forma mais íntima a nós, por isso devemos abrir os olhos para enxergar o que Ele deseja nos mostrar. Antes de questionar a provação ou o porquê do milagre não ter chegado pergunte a Deus o que Ele tem a lhe ensinar com tudo isso, aproveite cada momento e busque conhecimento e crescimento em tudo. Não faça igual aos discípulos que depois de caminharem na companhia de Jesus puderam desfrutar alguns instantes apenas de sua presença. Lembre-se a presença de Deus em nossas vidas, independente das situações é melhor do que qualquer benção que Ele pode nos oferecer. Não clame a presença do Senhor só para resolver o seu problema ou lhe tirar de um apuro. Ande em comunhão com Ele. O Deus dos milagres e das bênçãos é maior que as bênçãos e os milagres, pois as bênçãos servem apenas para essa vida, mas Deus é eterno, deseje sua presença aqui na terra e desfrute dela também lá no céu. Como humanos vemos com olhos humanos, há guerras espirituais que nos envolvem, Deus é espírito (João 4:24), os bastidores só Ele sabe, e somente Ele pode agir, a salvação a que os discípulos referiam não era no plano físico, embora eles esperassem que fosse (Lucas 24:21), eles não sabiam que ela seria conquistada no reino espiritual. Não peça aquilo do qual você não tem conhecimento, busque conhecê-lo, busque a revelação de Deus, busque sua graça, pois somente ela nesta vida nos basta.   


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