Bem mais próximo do que se imagina
“E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu lhes”. Lucas 24:30-31
Havia se passado três dias
desde a morte de Jesus, dois discípulos no caminho de Emaús seguiam tristes de
olhos fechados, pois haviam recebido a notícia de que o corpo dele não estava
mais no sepulcro. Na madrugada daquele mesmo dia, Maria Madalena, Joana e Maria
foram ao túmulo onde seu corpo estava e não o encontrou, a pedra estava revolvida.
Elas depararam-se com dois anjos que avisaram que ele não estava lá, pois já havia
ressuscitado. As mulheres foram correndo contar aos apóstolos, que não creram
em suas palavras. Enquanto seguiam pelo caminho, Jesus aproximou-se deles, e
eles não o reconheceram. Vendo a tristeza em seus rostos perguntou-lhes o que
havia acontecido, eles pensaram que Jesus fosse algum peregrino, pois toda
Jerusalém comentava a respeito da morte e do sepulcro vazio. Mas ainda em meio
a dor eles responderam a Jesus, falou sobre a morte na cruz daquele que seria o
Salvador, da visita das mulheres ao túmulo e da visão dos anjos. Jesus ouviu
atentamente, e em seguida começou a falar-lhes sobre as escrituras, sobre o que
disse os profetas sobre a morte e a ressurreição no terceiro dia e eles seguiram
ouvindo lhe. Ao chegar à aldeia, eles interromperam a caminhada e Jesus fez como
quem ia seguir viagem, então estes vendo que era muito tarde o convidou para
passar a noite e cear com eles. Jesus aceitou. Estando todos à mesa, ele pegou
o pão deu graças, o abençoou, partiu e entregou a cada um, e foi neste momento
que eles o reconheceram, em seguida Jesus desapareceu diante deles. Maravilhados
com o cumprimento da profecia eles correram ao encontro dos demais e disseram:
“Ressuscitou verdadeiramente o Senhor”.
O ato de fechar os olhos
diante uma situação é um sinal de negação. De acordo com a psicologia quando
uma pessoa não quer aceitar o que vê ou uma situação em que vive ela tapa os
ouvidos ou fecha os seus olhos, como uma forma de negar a realidade. Os
discípulos estavam negando a realidade, não queriam enxergar e aceitar o que o
próprio Jesus disse quando estavam juntos, que iria acontecer (Lucas 9:22).
Apegaram-se tanto a dor da perda e da circunstância que se esqueceram da
promessa. A palavra diz que logo após ser reconhecido por eles, Jesus
desapareceu. Eles desfrutaram muito pouco da sua presença. Eles estavam ligados
ao que ocorrera no plano físico e não no espiritual. Eles sabiam das coisas que
os seus olhos podiam ver, um homem traído, morto na cruz, colocado em um
sepulcro, cujo corpo eles não sabiam onde estava. Mas no plano espiritual muita
coisa ainda estava oculta, uma guerra havia sido vencida. Como um cordeiro, Jesus
foi sacrificado para que fôssemos vivificados por Ele. Assim como a morte veio
por um homem (Adão), a ressurreição veio também por um homem (Jesus) (1Cor 15:21). Jesus tomara as chaves da morte e do inferno, pisando na cabeça de
Satanás, remindo a todos, lavando os do pecado. Se aqueles discípulos estivessem
firmados no que diziam as escrituras eles poderiam descansar mesmo em meio a
dor, pois sabiam que Jesus ia voltar e viver toda a eternidade. Os seus olhos
estariam abertos aguardando que o Messias aparecesse a qualquer momento, e
tendo eles a oportunidade de ter a sua companhia durante a viagem, eles poderiam
ter ouvido muito mais acerca do Reino de Deus, sobre o que houve nos bastidores
no reino espiritual, teriam tido muito mais informação sobre aquela guerra que
Jesus acabara de triunfar, ao invés disso eles lamentavam tudo o que estava
acontecendo, demonstraram decepção, pois Jesus era a promessa da libertação de
Israel, e ele já não estava mais ali. Então
eles seguiram com murmurações e questionamentos, num total apego a dor e ao
passado.
Entre tantas passagens da
bíblia essa arde em meu coração, pois me trouxe uma experiência muito linda com
o Senhor. Era uma tarde de sábado, estava lendo os evangelhos e havia pedido
que o Senhor se revelasse a mim, queria conhecê-lo mais para desfrutar melhor de
sua presença em minha vida. E foi lendo a respeito dos discípulos que
caminharam do seu lado, enquanto lamentavam sua ausência, que o Senhor falou
forte em meu coração. “Eu estou aqui do seu lado, olhe para mim”. Em lágrimas
ajoelhei-me e adorei ao Senhor ali mesmo na sala de casa. Imagina a emoção dos
discípulos quando reconheceram Jesus, ao vê-lo sentado à mesa em um momento de
comunhão. Penso eu, que Jesus deve ter dado um sorrisão aos discípulos, tamanha
era sua alegria ao ser reconhecido, acredito também que naquela tarde na sala
da minha casa não fora diferente. E desde então me atentei a manter os meus
olhos abertos para desfrutar de sua presença. E foi assim que consegui a cura
de traumas que carregava desde minha infância. Deus expõe e traz a tona tudo o
que está oculto, esse processo causa muita dor, mas é necessário, afinal como é
possível curar uma ferida sem que antes ela seja limpa e medicada? Quando
lembranças indesejáveis vinham a minha mente, eu fechava os meus olhos de
imediato, impulsivamente. Quando finalmente eu compreendi que aquela ação era
uma forma de negar a realidade, de evitar o confronto, eu me lembrava dos
discípulos a caminho de Emaús, aliás, lembrava que o mesmo Jesus que os
acompanhou estava do meu lado também, e então eu abria os meus olhos e pedia ao
Senhor que completasse tua obra em minha vida, e independente da dor que eu pudesse
sentir, que ele não limitasse o seu agir e viesse tratar e curar. Isso sempre
terminava em quebrantamento, choro e logo em seguida paz, muita paz.
A mensagem que o post de hoje nos traz, e que somente ao abrir os olhos eu pude compreender, é
que em todo caminho por mais doloroso que seja tem muita aprendizagem, mesmo em
meio a dor ou em meio ao vale, a presença de Deus é certa em nossa vida (Salmo
23:4), mas o desejo Dele é de nos ensinar durante o percurso, revelar-se de uma
forma mais íntima a nós, por isso devemos abrir os olhos para enxergar o que
Ele deseja nos mostrar. Antes de questionar a provação ou o porquê do milagre
não ter chegado pergunte a Deus o que Ele tem a lhe ensinar com tudo isso,
aproveite cada momento e busque conhecimento e crescimento em tudo. Não faça
igual aos discípulos que depois de caminharem na companhia de Jesus puderam
desfrutar alguns instantes apenas de sua presença. Lembre-se a presença de Deus
em nossas vidas, independente das situações é melhor do que qualquer benção que
Ele pode nos oferecer. Não clame a presença do Senhor só para resolver o seu
problema ou lhe tirar de um apuro. Ande em comunhão com Ele. O Deus dos
milagres e das bênçãos é maior que as bênçãos e os milagres, pois as
bênçãos servem apenas para essa vida, mas Deus é eterno, deseje sua presença
aqui na terra e desfrute dela também lá no céu. Como humanos vemos com olhos
humanos, há guerras espirituais que nos envolvem, Deus é espírito (João 4:24), os
bastidores só Ele sabe, e somente Ele pode agir, a salvação a que os discípulos
referiam não era no plano físico, embora eles esperassem que fosse (Lucas
24:21), eles não sabiam que ela seria conquistada no reino espiritual. Não peça
aquilo do qual você não tem conhecimento, busque conhecê-lo, busque a revelação
de Deus, busque sua graça, pois somente ela nesta vida nos basta.
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