segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Da caverna ao esconderijo do Altíssimo



 
“E dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória”. Isaías 61:3

Era uma manhã de sábado eu e o meu filho estávamos a caminho de casa, próximo à rua em que transitávamos uma loja de móveis realizava uma ação promocional com muita queima de fogos de artifícios. O meu filho desde bebezinho tem medo do barulho desses tipos de fogos. Quando ainda era bem novinho que alguém soltava fogos próximo de onde estávamos, eu batia palmas e dizia a ele que onde tivesse fogos de artifícios tinha festa, alguém estava feliz e comemorava algo, então deveríamos bater palmas também. Às vezes a técnica funcionava, outras vezes não. Até hoje ele ainda demonstra medo com esse barulho e nesse dia ele me disse que estava com muito medo e, eu para acalmá-lo repeti o mesmo discurso de que não era preciso desesperar que as pessoas estavam apenas comemorando e que os fogos estavam lá no céu e não iria chegar até nós. Ele virou-se para mim e disse: “Mãe só me protege, por favor,” eu prometi protege-lo, então ele pegou a minha mão e passou em volta de seu ombro e disse: “É para me proteger assim mãe, não tira o seu braço porque eu estou com medo”. Neste instante eu me segurei para não sorrir, não do seu medo, mas da sua inocência, ele não sabia, mas, aquele meu braço não representava nenhuma proteção física dos fogos que estouravam no céu.  Devido o seu medo ele permaneceu calado durante todo o percurso, aquele silêncio todo me trouxe uma reflexão sobre nossa necessidade de sentirmos guardados quando ficamos amedrontados. 

Às vezes quando estamos em uma situação em que o medo nos acomete muitos querem convencer-nos de que não temos motivos a temer.  Mas há determinados momentos que não é uma palavra que vai nos ajudar, o que precisamos é apenas de um braço que nos envolva para que possamos sentir protegidos.  Às vezes o medo é consequência dos nossos próprios atos, e muitos se levantam contra nós com sermões deixando-nos pior do que estávamos. Deus em sua infinita sabedoria sabe discernir o que precisamos, quando é necessário Ele mesmo nos fala ou usa outras pessoas para nos repreender e corrigir. Mas Ele sabe também dos momentos em que precisamos apenas de proteção, então Ele nos põe em Teu colo até que todo o medo passe. Sentir medo é comum do ser humano, por mais que a nossa fé esteja firmada ainda assim em alguns momentos o medo rugirá e fará com que fiquemos  acanhadinhos e saímos em busca de um refúgio para nos esconder. É sobre o lugar em que refugiamos quando estamos com medo que iremos falar no post de hoje.  

Elias foi um dos profetas a quem o Senhor revestiu de poder e autoridade. Foi ele quem levou uma palavra de julgamento contra o rei de Israel, Acabe e sua esposa, Jezabel por terem levado a nação israelita à idolatria. Ele profetizou que nem orvalho e nem chuva haveria de cair naquela terra (1 Reis 17:1) e então a seca se abateu durante três anos e meio. Isso provocou a ira do rei que influenciado por sua esposa começou a persegui-lo com intenção de matá-lo. E então Elias um profeta que havia enfrentado sozinho mais de quatrocentos profetas de Baal (deus a quem os israelitas estavam adorando por influência do rei Acabe) deixou-se intimidar pela rainha Jezabel e fugiu para o deserto.  

No deserto Elias sentou-se debaixo de um pé de zimbro e pediu a morte (1Reis 19:4) É difícil compreender como alguém com tamanha intimidade com o Senhor chegue a tal situação, sendo um profeta ele poderia liberar uma palavra de benção que poderia mudar sua situação. Mas não foi o que houve. Mesmo sendo um homem muito usado por Deus, Elias não se eximiu do medo e da depressão. Ali debaixo da árvore ele dormiu e foi acordado por um anjo de Deus que havia levado comida para que ele se alimentasse. Elias comeu e deitou-se novamente. Pela segunda vez o anjo do Senhor o acordou para que ele comesse novamente pois, ele teria um longo caminho a seguir e precisava de forças. Elias comeu e seguiu pelo deserto e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Monte de Deus, chegando lá avistou uma caverna e entrou dentro dela e foi nesse momento que o próprio Deus o perguntou o que fazia lá.  

Uma pessoa com depressão evita a companhia de outras, a impaciência e a irritabilidade impossibilita o bom convívio, dessa forma a solidão passa a ser a opção mais agradável a pessoa depressiva. Quanto menos luz no ambiente melhor, segundo estudos o ambiente em que vive uma pessoa retrata a sua mente, logo uma mente que se encontra em trevas vai refugiar-se em lugares escuros. Quando refiro a “trevas” para retratar o estágio da mente de uma pessoa que encontra em estado de depressão, é um comparativo, pois treva é ausência de luz, a depressão é ausência de motivação, de esperança e de expectativa acerca da vida, por isso é comum que a pessoa faça questionamentos em relação a sua existência, pois falta luz, falta vida. A depressão é um problema de saúde pública, é considerada como o mal do século, seguida pela síndrome do pânico. Estima-se que 30% da população sofra com esta doença sem saber, pois muitos têm dificuldades em reconhecê-la, pois os seus sintomas podem ser apontados por outros como “frescura” “preguiça” ou desculpa para não assumir responsabilidades, com medo de críticas a pessoa não busca ajuda e acaba se escondendo dentro da caverninha. A depressão é uma doença séria e pode dar legalidade a problemas muito maiores como o suicídio por exemplo. 
   
Eu convivi com a depressão por muito tempo, embora não quisesse aceitar que tinha essa doença chegou um momento que tive que encará-la, pois a caverninha estava apertada demais a ponto de me tirar o fôlego. O Senhor chamou-me a trata-la, durante esse período assim como fez com Elias, ele me supriu em tudo. As ameaças malignas aumentam de acordo com a nossa fragilidade. De repente todo o mal que nos cerca aparenta ser muito maior do que tudo o que já vivemos e conquistamos em Deus na nossa vida, questionamos nossa força e até mesmo a autoridade que o Senhor nos deu. Eu não recorri a nenhum profissional para obter ajuda na cura da depressão e de outras coisas que na época vinha sofrendo, por um tempo era por ausência de recursos financeiros, mas depois de receber uma palavra de Deus onde o Senhor me disse que só Ele poderia me curar, pois Ele não aceitava dividir Sua glória com ninguém, eu confiei. Fortes essas palavras, né? Sim, foram elas que me sustentaram.  Durante esse período, eu meditava em Sua palavra e repetia em voz alta as promessas que estão na bíblia que são herança para os filhos do Senhor. E um fator que me ajudou muito foi o louvor e a adoração, nos momentos mais difíceis eu O louvava e O adorava. O louvor era para que Deus sentisse que mesmo em meio a tudo o que passava eu acreditava em suas promessas, e, a adoração era que independente das circunstâncias Ele era Soberano em minha vida. São essas duas atitudes que o Senhor espera de nós, que confiemos Nele e que exaltemos Sua santidade, pois fomos criados para adorá-lo. Quando cumprimos com o propósito para qual fomos criados, Deus se encarrega de fazer o resto. Ele mesmo revelou-me os motivos pelos quais me levavam à constante depressão, e Ele mesmo trouxe a cura. Mas isso só foi possível quando eu tomei a decisão de sair da caverninha e busquei refúgio no esconderijo do Altíssimo. No Altíssimo encontramos sombra (descanso) e fortaleza (ânimo renovado).  Nenhum mal chega até nós, porque anjos de Deus nos cercam. Lá recebemos o alimento de Deus (o amor e a graça) para que possamos seguir a nossa caminhada. 

Eu resolvi falar desse tema, pois certa vez conversava com uma pessoa acerca de uma conhecida que estava com depressão e ela me disse que um profissional indicou que a mesma ouvisse música como tratamento à doença, pois a música fala diretamente ao sistema do cérebro responsável pelas emoções, motivação e afetividade. Disfarçadamente dei uma piscadinha pra Deus, o meu “paisicólogo” pois juntos percorremos o caminho certo. Outro fato que motivou este post foi acompanhar na internet uma história que me deixou muito triste , a do padre Marcelo Rossi que vem lutando contra a depressão. Imagine vocês, enquanto buscava cura louvando ao Senhor, uma das músicas que eu ouvia e cantava em alto e bom som era “Mesmo na tempestade, mesmo que se agite o mar, te louvo te louvo em verdade” justamente na voz do padre mencionado. O grande profeta Elias caiu né, mas fora levantado e concluiu seu ministério aqui na terra para honra e glória do Senhor.  E creio que assim o Senhor fará também na vida dos que aceitarem a doença e buscarem por sua cura.
  
A palavra de Deus diz: “Meu povo se perde por falta de conhecimento” (Oséias 4:6). Às vezes conhecemos apenas o pai consolador e esquecemos que este mesmo pai é provedor, outras vezes o conhecemos como o criador e esquecemos que ele é também psicólogo, mentor e libertador. Na história contada no início deste post o meu filho naquele momento queria apenas a mãe protetora, ele não queria a mãe orientadora ou uma mãe psicóloga com suas técnicas de convencimento. E por falar em mãe, quantas funções são atribuídas a nós, não é mesmo? Mãe, médica, cozinheira, professora, psicóloga, dona de casa. Nós fazemos de tudo para que nossos filhos sejam cuidados e sintam-se amados. Se nós mães que somos falhas e tão humanas somos capazes de fazer tanto aos nossos filhos, imagine o Deus majestoso, misericordioso e infinito em bondade, que nos deu por meio de Seu filho, o direito de chama-lo de Pai. Refugie-se Nele, creia em sua palavra e então verás a glória de Deus em sua vida.  



Um comentário:

  1. Glória a Deus por sua vida... é muito gostosa a forma que você aborda a Palavra de Deus com exemplos do seu cotidiano... Eu praticamente veja a cena...Lindo mesmo!!! Deus continue te abençoando e te usando assim... Fui muito abençoada... Bjs

    ResponderExcluir