segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Voltando para casa no ombro do bom pastor


 

“Não temerei mal algum, porque tu estás comigo” Salmo 23:4

Imagine-se num campo de batalha, você solitário numa guerra e diante de ti surge um gigante. Na sua primeira tentativa de guerrear contra ele você é lançado ao chão. Em meio a dor você olha para o seu peito e o encontra todo ferido e cortado. Puxa que estrago! Talvez você pense que o texto deste post seja uma sinopse de um filme de terror, porém, ele não tem nada a ver com uma ficção, na verdade  esta é uma história muito real que não retrata o mundo físico, mas sim, o mundo espiritual. Se você fosse convocado para uma guerra, você se levantaria do lugar onde está e dirigia-se ao campo de batalha sem nenhuma armadura ou proteção? Seria um ato de tremenda loucura, não é mesmo? Mas isso acontece frequentemente. Muitas pessoas seguem em suas vidas sozinhas achando que os obstáculos que terão de enfrentar serão vencidos com a força do seu próprio braço, e vão adiante, quando veem o tamanho do gigante muitas caem no chão antes mesmo de encarar, outras em sua rebeldia o enfrenta, porém são derrotados e lançados ao chão. E uma vez estando ali no chão, caem em si: “Puxa eu preciso de um exército, eu preciso de um general”.

A ilustração refere-se a um soldado, mas pode ser substituída por uma ovelha sem rebanho, sem pastoreio. Recordo-me quando entreguei a minha vida a Jesus. Fui convidada por uma amiga para participar de uma festividade de sua igreja, foram dias sobrenaturais, a paz de Cristo era sentida naquela atmosfera de louvor e de adoração. Mas houve uma noite que ficou marcada, eu que estivera atenta a todas ministrações fui tocada de uma maneira especial pelo Espírito Santo de Deus. O preletor da noite ministrou o salmo 23, o Salmo do Bom Pastor. Ele fez uma comparação dos pastores com seus rebanhos e de Cristo, o bom pastor com suas ovelhas. Citou que os pastores arriscavam suas vidas na luta contra feras do campo para que não comessem seus animais, e do bom pastor que deu a vida por suas ovelhas. Mas foi com o versículo “A tua vara e teu cajado me consolam” (23:4) que o Senhor apoderou-se do meu coração. O ministrante falou do uso da vara nas perninhas da ovelha que os pastores faziam para que elas não fugissem e não saíssem do rebanho. Era uma correção com intuito unicamente de protegê-las, pois uma vez fora do rebanho, esta tornaria-se presa fácil ao lobo devorador. Assim era Jesus conosco, muitas vezes era necessário o uso da vara de correção não com intenção de ferir, até porque como Ele poderia maltratar seu rebanho se a este mesmo Ele deu sua vida. Como eu não creio no acaso e sim na providência divina, justamente naquela noite eu era a última da fileira de cadeiras, não havia ninguém do meu lado direito, e eu senti uma ardência na minha perna direita, então tive a convicção de que eu estava recebendo a correção do Bom Pastor. Naquele mesmo dia O confessei Senhor e Salvador da minha vida.  

Na bíblia o Senhor nos trata como ovelhas, o próprio Jesus é citado como “cordeiro”, pois foi sacrificado para remissão de nossos pecados em um tempo em que  se sacrificava ovelhas para purificação de um povo. Somos todos, ovelhas porém nem todas estão no rebanho do bom pastor. Algumas decidiram andar solitárias pelo campo outras optaram por seguir viajantes deste mundo que afirmam conduzi-las à morada de Deus, porém no evangelho do nosso irmão João o próprio Jesus diz: “Ninguém vai ao Pai senão por mim” (João 14:6). Como pode alguém conduzir um rebanho a um lugar que não conhece, senão aquele que de lá veio e pra lá retornou? Somente Jesus Cristo, o bom pastor conduz as ovelhas para a habitação do Altíssimo, não há outro intermediário.  

Quando recebi o diagnóstico da tripofobia (fobia de imagens que contêm formas geométricas com algumas cavidades que provocam ascos na pele) foi uma experiência terrível. O último estágio dessa doença proporcionava náuseas e ânsia de vômito e era exatamente o nível em que me encontrava. Inúmeras vezes eu corria em direção ao chuveiro e esfregava os meus braços, pois parecia que aquilo realmente estava em mim. Na época procurei uma psicóloga e ela me disse que aquilo não tinha cura, eu deveria fazer terapia para controlar as crises. Eu estava desprovida de condições financeiras para realizar um tratamento desses. Mas como já havia entregado a minha vida ao Senhor, eu cri Nele e orava para que Ele me curasse. Quando participei de um encontro promovido por minha igreja recebi do Senhor a revelação do que estava associada aquela fobia. Mas continuei em oração para que houvesse a confirmação, e ela veio do altar do Senhor. Tive a oportunidade de participar de um Seminário de Aconselhamento Cristão no ano passado e recebi a seguinte resposta da psicóloga cristã que ministrava o seminário: “Toda fobia são traumas não curados até os seis anos de idade”. Essa era a confirmação de que precisava, o que o Senhor falara ao meu coração naquele encontro era sobre algo que ocorrera em minha vida justamente naquela faixa etária.  A partir de então comecei a orar e entrar em propósito clamando ao Senhor por cura. Eu vivi momentos muito dolorosos, pois mexer em traumas é revivê-los, mas esse processo era necessário até mesmo em cumprimento ao que palavra de Deus diz “Fez a ferida e a ligará” (Oséias 6:1), aquelas feridas precisavam ser restituídas, ser abertas, vir a tona para poder ser tratadas e então curadas.

A cura de traumas por abuso é um processo com várias etapas: o impacto (trazer a tona o fato em si traz choque, vergonha, ansiedade e medo) a negação (quando se tenta colocar o trauma de lado, ignorá-lo, fazer de conta que aquilo não fora nada e que se pode viver normalmente) e a etapa da confiança, onde finalmente a vítima precisa falar a respeito de suas memórias, expressar seus sentimentos, lidar com os sentimentos de culpa e raiva a outra pessoa. No meu caso a pessoa de confiança foi o próprio Espírito Santo, era nos pés do Senhor que eu confiava todas as dores daquelas lembranças e falava em oração para que eu pudesse receber alívio emocional. Compartilho esse meu testemunho para glorificar e exaltar o nome Dele, pois foi Deus quem me fez encarar a dor do trauma, confrontando-me para que eu fosse liberta daquele cativeiro em que vivi toda a minha vida. E por falar em vida nesse estágio enfrentei o período mais difícil de todo o processo, a crise de identidade, eu que sempre me achava muito autêntica em minha personalidade, ao encarar o passado me senti desnuda diante do mundo, pois muito do que eu assegurava ser da minha personalidade era na verdade mecanismos de defesa. Então orava ao Senhor e pedia para que Ele me mostrasse da forma como Ele me via, como um espelho que refletisse a minha imagem segundo a Tua visão. E o Senhor me respondeu com uma visão, nela havia um homem com uma criança em seu ombro, uma imagem que me parecia bem conhecida, a medida que aquela imagem ficava nítida consegui me reconhecer na imagem, eu era a menina com um penteado estilo “Maria-chiquinha” com um sorriso no rosto, mas o homem eu tive ainda muita dificuldade em reconhecer, embora o rosto não fosse estranho, foi necessário muito esforço para discernir. Depois de algum tempo consegui recordar. Quando criança tinha uma bíblia infantil e na página onde era mencionada a parábola da ovelha perdida havia uma imagem daquele homem com uma ovelha em seu ombro. Pedi a revelação daquela imagem ao Senhor, o que Ele queria me dizer através daquilo tudo, e então o Espírito Santo falou em meu coração: “Você é minha filha amada e eu estou te levando de volta para casa”. E ele me trouxe a lembrança da noite em que confessei Jesus. O Bom Pastor deixa no campo em segurança suas ovelhas e sai no resgate da sua ovelha perdida. Não sabia do impacto do meu “SIM” a Jesus no mundo espiritual. Aquela minha declaração fora o meu grito de socorro, e Ele se voltou para resgatar a minha alma e livrá-la do cativeiro. A partir desse dia entramos na terceira etapa do processo de cura, que é a etapa da reconstrução da vida, pois naquele dia o Senhor me disse a única coisa que eu precisava saber, do amor Dele por mim, e que mesmo passando por momentos dolorosos eu estivera em seus ombros. Quem pode nos amar de tal maneira? Somente o Bom Pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas. 

Eu não sei onde você está nesse momento ovelha, talvez num vale ou perdida num campo, talvez o seu pé esteja preso em buraco (pecado) o qual você não consegue se soltar, mas como serva do Senhor venho lhe dizer que sem que seja necessário você sair do lugar em que está,  você pode dar o seu grito por socorro confessando-O como o Senhor e Salvador de sua vida. Talvez você leia e fale eu amo Jesus, eu já O conheço. Mas a bíblia diz que “Se confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos será salvo” (Romanos 10:9). Confessar quer dizer afirmar, expor ou revelar algo, mas a palavra diz “com a sua boca” e“crer em seu coração”. Talvez você o tenha em seu coração, porém não o tenha confessado com o seus lábios. Se sentir tocado a fazer isso neste momento você poderá fazer essa oração em voz alta, e então o bom pastor irá resgatar você.

Senhor Jesus eu preciso de Ti, confesso-te o meu pecado de estar longe dos teus caminhos. Abro a porta do meu coração e te recebo como meu único Salvador e Senhor. Agradeço-te porque me aceita assim como eu sou e perdoa o meu pecado. Eu desejo estar sempre dentro dos teus planos para minha vida, amém”

Reconhecer a Jesus como Salvador é concordar que é pecador e precisa de salvação, pois foi para isso que Ele veio ao mundo para libertar cativos (Lucas 4:19), e aceitando O como Senhor você renuncia a tudo que ocupa o lugar Dele em sua vida. Mas esta oração não deve ser feita da boca pra fora, lembre-se é necessário “crer em seu coração” (Romanos 10:9) e ninguém melhor que Aquele que conhece o oculto e o profundo do nosso coração para saber a veracidade da sua fé.  Eu vim de um conceito de que era necessário pagar quando recebia uma benção, inclusive quando pedia ao Senhor a cura eu me comprometi a servi lo enquanto vida tivesse. Mas Ele não quer que eu O sirva como quitação de promissória, ele quer que eu cumpra com o propósito para qual fui criada, até porque “O que darei ao Senhor por tantos benefícios?” não há quitação, reconheça O e desfrute da salvação e da vida eterna.    

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