quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Da boca para dentro




O meu filho tem cinco anos e eu ainda não o deixo mascar chicletes, controlo o consumo de doces principalmente à noite, às vezes me acho meio terrorista, mas minha intenção é apenas zelar por sua saúde bucal. Embora eu converse bastante com ele e explico que tudo tem a hora certa, dia desses me peguei pensando “pois bem qual será a hora certa?”. A dúvida sobre o consumo de guloseimas, o uso do fio dental e do enxaguante bucal motivou o post de hoje. E como gosto de compartilhar com vocês as minhas dúvidas, compartilho também a conversa que tive com a odontopediatra Thuane Neves que falou sobre os cuidados necessários nessa fase tão importante de formação da dentição de uma criança.

Segundo Thuane Neves o quanto mais tardio o consumo de chicletes melhor, há um risco não somente para a saúde bucal como também para o processo de deglutição, que até os dois anos de idade não está completamente definido. “A mãe não deve precipitar-se em oferecer esses tipos de guloseimas para a criança, mesmo que esta venha a sofrer influências externas de outras crianças, como na escola, por exemplo”.

A odontopediatra diz que o cuidado não deve ser apenas com o consumo de chicletes, ela chama a atenção também a outros alimentos que devem ser evitados pelas crianças. “Há tempos houve-se falar que o consumo do açúcar afeta os dentes, claro que isso é fato, porém o que a maioria não sabe é que alimentos ricos em amido também são prejudiciais, como os salgadinhos industrializados, que são mais cariogênicos que o próprio doce” alerta Thuane que afirma que esses alimentos pegajosos que ficam “grudados” sob a superfície dos dentes devem ser também evitados, pois mantêm a bactéria em constante atrito com o esmalte dental.

Assim como existem os alimentos que prejudicam os dentes existem aqueles que colaboram para o seu fortalecimento. A alimentação tem fundamental importância no processo de prevenção e fortalecimento do esmalte dental. Thuane recomenda a ingestão de alimentos que possuem porções moderadas de flúor, e que não sirvam de nutrientes para as bactérias proliferarem. “Alimentos como verduras, carnes, peixes, arroz e feijão são fontes de flúor. É imprescindível também o consumo de frutas, que possuem um açúcar bom e não deixam tantos resíduos ao redor dos dentes” destaca.

Talvez você deva estar pensando: “Como é possível não dar guloseimas e salgadinhos a uma criança?”. Calma! Evitar não significa abdicar. Nós vivemos em uma sociedade que se volta a esse tipo de consumo, mas cabe aos pais ter o controle, mesmo que estes dêem a seus filhos este tipo de alimento é necessário que seja de uma maneira equilibrada e principalmente que seja feita a higienização adequada em seguida. A forma mais eficaz de se evitar cárie nos dentes é por meio da escovação. Os pais devem estimular a escovação e acompanhar para que a mesma seja bem feita, pois esta é a melhor forma de remover os resíduos que ficam nos dentes. “O principal erro dos pais no que se refere a saúde bucal de seus filhos é o início tardio da higienização oral. As pesquisas comprovam que a higienização precoce é eficaz no condicionamento psicológico da criança, porque ela se acostuma com a prática” – enfatiza a odontopediatra que relata ainda que devido a demora no início do processo de higienização, algumas crianças tornam-se resistentes em escovar os dentes. “Ainda assim os pais devem insistir, o mercado hoje disponibiliza escovas odontológicas bastantes atrativas. Quando a criança pode escolher a sua escova, aquela que contém o seu personagem favorito, ela se sente mais estimulada com aquele momento diário. Aquelas mais resistentes que se negam completamente a escovar os dentes eu recomendo o uso das escovas elétricas que servem de distração e motivação à higiene bucal”.

Além da escovação existem outros fatores que auxiliam a saúde bucal das crianças como o uso do fio dental e do enxaguante bucal. “O fio dental deve ser incluído na rotina da criança desde o nascimento dos primeiros dentes, com o objetivo de levá-la ao hábito. Já o enxaguante bucal não é recomendado antes dos 4 anos, pois nessa idade a criança ainda não desenvolveu o mecanismo de cuspir e a ingestão deste produto pode não fazer bem ao  organismo e também por conter flúor em sua fórmula podem causar fluorese, manchas que desenvolvem nos dentes devido o excesso de flúor”.

E caso o seu filho ainda não tenha começado a trocar os dentes, e você está curiosa para saber quando se inicia o processo, Thuane afirma que a troca dos dentes costuma acontecer por volta dos 7 anos de idade, porém em sua prática clínica ela tem percebido que essa troca tem sido um pouco mais precoce, por volta dos 5 ou 6 anos. “É muito relativo, pois a demora em nascerem os primeiros dentinhos também reflete na demora de sua troca, variando assim de criança para criança”. E por falar em nascimento dos dentinhos, os bebês também devem ter sua boquinha higienizada, os pais devem fazer a limpeza com uma gaze ou pedaço da fralda de tecido umedecido em água filtrada para a remoção do leite estagnado na boca, limpando o rebordo da gengiva e da superfície lingual onde se acumula uma “massinha” referente aos resíduos do leite, tanto materno quanto o de fórmula. De acordo com a odontopediatra os casos mais críticos e que tem se tornado comum nos consultórios é de bebes com carie de mamadeira, causada pela amamentação noturna e a falta de higienização bucal. Lembrando que as crianças devem ser levadas ao dentista a cada seis meses e os bebês devem ter acompanhamento de três em três meses.

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