quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os meus, os seus e o nosso maior bem






Quando um relacionamento conjugal chega ao fim inicia-se o processo de divisão de bens, que varia de acordo com as regras firmadas segundo o regime de bens escolhidos pelo casal antes de realizada a cerimônia civil. O acordo entre o homem e a mulher vem logo seguido à separação física do casal. Neste contexto há algo mais valioso em meio a todo esse processo: os filhos. Uma criança não é uma propriedade, logo, não entra na divisão de bens, embora seja o bem maior de um casal. 


A família é uma instituição do Senhor, mas infelizmente ela vem sofrendo abalos que vem ocasionando em separações entre homem e mulher. Mas a finalidade deste post não é falar sobre o divórcio que, como já é de conhecimento de todos fere e insulta os planos de Deus ao homem e a mulher aqui na terra. Este texto irá discutir a situação do maior e mais vulnerável bem de um casal: seus filhos. Mesmo que um relacionamento tenha chegado ao fim não se pode esquecer que o que fora quebrado foi o compromisso entre o marido e a mulher e não entre os pais e os filhos, afinal, existem ex-esposo e ex-esposa, e não ex-pai e ex-mãe.   


Os filhos precisam do pai e da mãe no seu processo de crescimento e amadurecimento. Os casais mesmo não estando mais juntos devem manter um relacionamento saudável para preservar a segurança e a estabilidade da vida afetiva dos filhos. De acordo com a psicóloga Núbia Alencar um dos principais erros cometidos após o rompimento entre um casal é a quebra de vínculos, seja em virtude da separação física de ambiente, pois, os filhos vão morar com uma das partes distanciando-se da outra parte ou, devido os pais retomarem sua vida buscando sua estabilidade emocional ou financeira. “No período de separação geralmente ocorre discussões e os filhos percebem e recebem essa carga, assim muitos pais erram em achar que tudo o que ocorre durante esse período devem ser repassados aos filhos para que os mesmos sejam esclarecidos sobre o que os cercam. Dependendo da idade e maturidade, os filhos devem ser poupados de muitas informações, pois a separação é dos pais, e não dos filhos. O casamento acabou, mas a família não, ainda existe a relação pai, mãe e filho”.  


Outra dificuldade encontrada por ex-cônjuges é em relação às divergências na educação dos filhos. Núbia pontua “os confrontos devem ser resolvidos entre os adultos e não devem ser compartilhados com os filhos”. Embora possa haver incompatibilidade no estilo de vida dos pais a educação de um filho diz respeito a ambos, pai e a mãe, e não somente uma das partes, neste caso o diálogo sempre é a melhor solução. “Ceder também faz parte do processo, afinal cada um tem suas razões, mas a prioridade é realmente a educação dos filhos. É necessário evitar conflitos usando o bom senso para que o relacionamento não seja dificultado, o que tornaria num desastre o crescimento e o amadurecimento da criança”.  A psicóloga atenta ainda para o cuidado que ambos devem ter para um não interferir quando o filho está com o outro. “Neste caso a frase “cada um no seu quadrado” cabe muito bem. Nenhuma parte deve tirar a autoridade do outro na educação. Caso algum discorde da forma de educar do outro, o mesmo deve procurar conversar reservadamente de forma que não exponha a opinião contrária ao filho. Tudo deve levar a um bom relacionamento do ex-casal para que a criança cresça com um referencial positivo de pai e de mãe, e principalmente sabendo respeitar e honrar aos dois”.  


Há casos de mães solteiras que não contam com nenhum tipo de ajuda do pai na educação dos filhos, são casos onde os pais são totalmente ausentes ou até mesmo desconhecidos, a melhor forma para lidar com a situação, segundo a psicóloga, é revelar a verdade à criança sobre a paternidade dela, mas de uma forma amorosa, e isso implica também outros métodos como deixar que a criança dentro de sua evolução natural perceba o que está acontecendo. “O grande problema é que muitas vezes a criança é exposta frequentemente as opiniões de mães, familiares e amigos que desenham o pai da criança como alguém ruim, contribuindo assim com o agravo do quadro, trazendo precocemente problemas que deveriam ser resolvidos ou esclarecidos quando esse filho tivesse a maturidade emocional necessária para lidar com tudo isso”. 


Em seu livro Teleios – O homem completo o pastor Larry Titus, fundador da organização Kingdom Global Ministries voltada para a preparação de líderes, fala da importância de uma criança crescer tendo um referencial masculino em sua educação. Larry aborda a dolorosa realidade de homens que ele recebe em seu ministério para aconselhamento com feridas emocionais dominados por uma torrente ira e frustração acumulada, decorrentes de pais abusivos, que abusavam de forma física ou verbal, e, casos onde a ferida foi criada pela injustiça de ter um pai distante ou por não ter pai algum.  “Seja qual for o caso a dor é real, profunda e duradoura. A ausência de um pai na vida de um filho (seja homem ou mulher) causa um senso de rejeição e muitos crescem sem senso de identidade, causando danos no seu senso de valor próprio por causa do abandono de seu pai, alegando que o pai não o amava suficiente para ficar por perto” escreve Titus. 


É muito comum que essas feridas emocionais sejam repassadas à geração seguinte. Os filhos podem tornar-se pais que ferem seus filhos também. Ainda em seu livro, Larry Titus fala sobre o processo de cura para esse tipo de ferida emocional. “O primeiro passo é admitir a existência da ferida, depois é procurar entender o passado do pai, isso o ajudará a livrar-se de todo sentimento de condenação em relação ao mesmo, o que facilitará o perdão. “Liberar perdão ao seu pai não mudará o que ele fez com você. Mas permitirá que Deus trabalhe em seu coração para que você possa enfim, alcançar a cura”.  (Titus, Larry Murrel, Teleios – o homem completo, Mundo Cristão, 2013) 


Para que o nosso organismo permaneça saudável é necessário uma rotina preventiva para que doenças não agravem nossa saúde física. Assim como a prevenção é o melhor remédio para a estabilidade de nossa saúde física, a prevenção também é essencial à saúde emocional. Essa explanação apresenta muito bem o quão é importante que homens e mulheres embora separados tenham sabedoria para assumir o compromisso com seus filhos. A saúde emocional de uma criança resulta do ambiente em que ela vive, do amor e respeito que ela recebe dos que a cercam. Atenção! Mães estimulem a convivência entre seus filhos com os pais deles, e pais sejam referenciais de homens na vida de seus filhos. Que ambos tenham respeito mútuo para que o futuro do seu bem mais precioso não seja comprometido.  

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