quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Por um futuro mais saudável





Dia desses comi um pedaço de um bolinho industrializado que sempre compro pro meu filho, o gosto é horrível, ainda não o havia experimentado e me senti muito mal com o fato de dar a meu filho uma coisa que nem eu conseguiria comer. Depois dessa e de outras observações acerca da nossa alimentação tomei a decisão de intervir na forma de alimentarmos em casa, afinal, o que você come hoje dirá quem você será no seu futuro. E se tratando do futuro de um filho, a autocobrança é ainda maior. Já que nos preocupamos em dar uma vida estável com uma boa educação e um bom lar, devemos preocupar em deixar como herança bons hábitos alimentares que assegurarão a saúde de nossos pequenos. Sentamos à mesa e apresentei-lhe o nosso projetinho “Família Saudável, Família Feliz”, dando nome e estrutura a uma ação temos mais facilidade de cobrar maior comprometimento com o nosso propósito. 

O melhor exemplo é a atitude. Antes de educar é preciso ter uma alimentação saudável. Não adianta cobrar de seu filho para que coma salada se você mesma não come, da mesma forma não adianta implantar uma alimentação saudável se você não a faz. Mas antes de sair fazendo cortes na sua lista de compras é necessário ter consciência de que a direção é melhor que a velocidade. Hábitos é a soma de repetidas ações, e para ser mudados leva-se um processo. Vamos entender o porquê é necessário estabelecer uma alimentação saudável nos primeiros anos de vida de uma criança. 

De acordo com a nutricionista Ivandra Roieski, a idade propícia para educar a criança nutricionalmente desenvolvendo bons hábitos alimentares é na fase dos 02 aos 07 anos, pois esta irá influenciar as fases seguintes. Nesta fase muitos pais caem no erro de não insistir com os filhos para experimentar alimentos novos “Crianças com uma alimentação escassa podem apresentar retardo no crescimento e desenvolvimento, suscetibilidade às infecções, mau aproveitamento escolar e até morte prematura, além de doenças como anemia, diabetes, colesterol elevado, obesidade e pressão alta”.

Uma alimentação saudável deve ser rica em todos os nutrientes. O ferro atua no crescimento e no desenvolvimento. A anemia é um dos maiores problemas nutricionais da população mundial devido a deficiência desse nutriente; o cálcio tem suma importância, principalmente nessa fase que ocorre a formação dos ossos e dos dentes; a vitamina A age no sistema imunológico, que previne infecções; o zinco é essencial para o crescimento, a sua falta pode ocorrer retardos no crescimento, falta de apetite, dificuldade de cicatrização de feridas.

“Esses nutrientes estão presentes em alimentos comuns, desde que, estejam bem distribuídos no cardápio, como carnes, leites e derivados, vegetais e frutas. Porém, se a alimentação for baseada em produtos industrializados, que são carentes em todos os nutrientes, e ainda contém substâncias que prejudicam a absorção, as crianças rapidamente desenvolvem carências e começam manifestar os sintomas. Hábitos como substituir sucos naturais por artificiais como os em pó, ou de caixinha ricos em conservantes e corantes; acrescentar achocolatados aos leites, lanches como salgadinhos de pacote, bolachas recheadas, refrigerantes, podem se tornar rotina facilmente e apresentar seus riscos rapidamente” destaca Roieski.

A nutricionista alerta ainda para o intervalo que uma criança deve se alimentar. “A partir dos dois anos de idade, as refeições devem seguir a mesma regra de adultos, de comer de três em três horas, cerca de 6 refeições ao dia. No entanto, deve-se levar em consideração o alto gasto energético das crianças, e assim podendo inserir mais 2 refeições ao longo do dia, em lanches variados”. 

Talvez você possa estar pensando “na teoria tudo é fácil, ela não sabe da minha vida e da correria em que vivo”. Alimentar-se bem é uma opção, um estilo de vida, e como qualquer outro deve ser adotado. Iara Roieski diz não existe mágica, para implantação de hábitos saudáveis na alimentação das crianças é necessário dedicação e comprometimento dos pais. ”Quanto mais natural e sem produtos industrializados melhor. Optar por sanduíches e bolos caseiros, suco de frutas naturais ao invés de sucos industrializados ou refrigerantes. Para maior praticidade os alimentos podem ser preparados e congelados, faça molhos de carne ou de frango para colocar no sanduíche ao invés de salsichas e mortadela, monte potinhos com salada de frutas e guarde na geladeira para facilitar”. 

Em seu livro “A Experiência da Mesa” a conferencista norte americana Devi Titus dá dicas simples para preparar a mesa e servir uma boa comida. “Tenho a convicção de que, se começarmos a dar comida de verdade para nossas crianças – alimentos frescos, frutas, verduras e legumes – elas aprenderão a amar os sabores naturais”. Devi orienta também para convidar as crianças a participar do preparo do alimento, o que tornará ainda mais agradável as refeições em família. (A Experiência da Mesa: o segredo para criar relacionamentos profundos / Devi Titus/ São Paulo: Mundo Cristão, 2013). 

Basta uma voltinha no supermercado para perceber o quanto a indústria alimentícia abusa do uso de cores para atrair crianças para o consumo de industrializados. Cores essas presentes em frutas, legumes e verduras. Vamos colorir os pratos de nossos filhos? Tenho certeza de que terei que passar mais tempo na cozinha, à beira de um fogão, mas tenho convicção que todo o esforço valerá a pena, pois saúde, depois da vida, é o bem mais precioso.

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