segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Inveja disfarçada de Justiça



Como um sentimento aparentemente tão inofensivo pode tornar-se em tragédia. 

 



“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos”. Provérbios 14:30




Recordo-me com exatidão de uma certa situação, uma pessoa estava muito alegre e comemorava uma conquista, ela dizia se sentir abençoada com aquilo que acabara de obter. Quando vi pensei: “- Bênção?! Isso é lá bênção! É cada uma que me aparece!” De imediato o Espírito Santo falou em meu coração: “- Quer também? Então peça, que eu lhe dou!” Repentinamente eu respondi: “- Misericórdia! Deus me livre! Não quero isso para minha vida de jeito nenhum”. Então o Senhor me repreendeu: “- Então deixa de inveja minha filha!”. Perplexa com aquela correção, eu o questionei como poderia eu estar com inveja de algo que eu não tinha o menor interesse de obter em minha vida. Com essa experiência Ele me mostrou que às vezes mesmo não querendo o que o outro tem, nos sentimos em algum momento incomodados em ver o outro conquistar. Eu continuei a negar que aquilo fosse inveja, disse que se tratava de um sentimento de injustiça, sabe aquela situação errônea em que nos julgamos mais merecedores de sermos abençoados do que os outros. Não preciso dizer como terminou essa história, mas posso resumir dizendo que lá estava eu reconhecendo o meu pecado e pedindo perdão por ele, afinal, preta ou branca, azul bebê ou rosa pink, inveja é sempre inveja, ou seja, pecado. É sobre este pecado tão difícil de ser assumido pela maioria das pessoas que falaremos no post de hoje. A inveja é autodestrutiva, se alimentada então causa morte, morte espiritual e até mesmo morte física, foi ela a responsável pelo primeiro homicídio registrado na bíblia.  


Caim, o primogênito de Adão e Eva, era agricultor. Abel seu irmão era pastor de ovelhas. Desde sua criação o homem já ofertava ao Senhor como forma de demonstrar sua devoção. E no dia de entregar suas ofertas, os irmãos se apresentaram diante de Deus. Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel trouxe um dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. A Bíblia conta que Deus atentou mais à oferta de Abel. Isso fez com que Caim descaísse o seu semblante. Deus então o questionou o porquê de tal comportamento, afinal, se a oferta que ele havia apresentado era de coração porque não se agradaria o Senhor? Mas a ira já havia entrado no coração de Caim que, motivado pela inveja, ao encontrar seu irmão Abel sozinho no campo o matou.  


Em nenhum momento o texto diz que Deus não tenha gostado da oferta de Caim, não fala que Deus gostava mais de ovelhas do que frutos, o que sabemos é que a oferta de Abel chamou mais a Sua atenção. É de conhecimento de todos que Deus não faz acepção de pessoas tão pouco de suas  ofertas, mas a Tua palavra diz que Ele ama quem dá com alegria ( 2Cor 9:7). O Senhor conhece o íntimo, o profundo e o escondido do nosso coração, por mais que nos apresentamos diante dele com o que achamos ser o nosso melhor, Ele sabe quais são as nossas verdadeiras intenções.  


Abel ofertou ao Senhor a sua ovelha primogênita, a primícia de sua criação. Naquela época era comum entregar ao Senhor os primeiros animais que nasciam do rebanho. Já Caim levou da terra apenas um fruto. Mas o que chama a atenção é que mesmo Caim não tendo o cuidado em ofertar o seu melhor, ele ainda sentiu  inveja de Abel por ter entregue o seu melhor para Deus. Quando percebeu que a oferta de seu irmão havia chamado a atenção do Senhor, ele mesmo menosprezou aquilo que havia levado. Talvez se fosse nos dias atuais Caim diria: “Eu me sacrifiquei tanto para plantar esses frutos, nesse sol quente do Tocantins, espetei meus dedos nos espinhos na hora de colher, até coloquei numa cestinha, e Ele nem olhou”.  E se alguém lhe dissesse “Caim, Caim pare com esta inveja” provavelmente ele diria “Isso não é inveja, só acho que isso foi uma injustiça comigo”. Se analisarmos dessa forma veremos que desde que mundo é mundo, o homem é o mesmo homem. Caim queria reconhecimento, Abel queria apenas dar o seu melhor para Deus. 


Foi Deus quem nos fez, deu-nos fôlego de vida, se não fosse Sua vontade que estivéssemos ainda nesta terra, simplesmente não estaríamos mais. Vivemos debaixo da graça, que é justamente um favor imerecido, nada que fizermos pagará ao Senhor a misericórdia e a graça derramadas em nossas vidas. Logo, ao ofertar ao Senhor ou dispor a servi-lo não pense que você está dando algo pra Deus, porque a Ele mesmo pertence tudo o que temos e o que somos. Deus não se preocupa com a quantidade das ações que fazemos, mas muito mais com as intenções as quais fazemos. Ele se alegra ao ver um filho entregar-lhe o seu melhor, não porque Ele precisa do nosso melhor, pois tudo o que Ele tem é de excelência. A Sua satisfação é ver que um filho soube ser grato com o que recebeu do Senhor e produziu frutos com os dons e as habilidades confiadas a ele. A gratidão é a chave que dá acesso ao coração de Deus. 


Talvez Caim, o primogênito, não esperava que o irmão mais novo que ele, atrairia a atenção do Senhor. “Como assim, sou eu o mais velho! Eu cuido da terra, das plantas, dos frutos, e ele apenas das ovelhas, eu despendo muito mais do meu tempo para cuidar de tudo isso, pois tenho muito mais obrigações que ele. E ele olha para o meu irmão mais novo?”. Deus não quer saber quanto tempo de convertido você tem, se você fala ou escreve bem, não quer saber de suas experiências, tão pouco dos seus bens. O que Ele deseja é que você deixa de olhar para as obras e ofertas das mãos do outro e sinta-se grato por ter suas mãos cheias de bênçãos podendo usá-las para dar-Lhe o seu melhor. Se caso você não tenha o que entregar ou não se sente abençoado naquilo que o Senhor lhe confiou provavelmente você está negligenciando o jardim que o Senhor lhe deu para cultivar, deixando a grama secar, as flores morrer, usando do tempo a ser destinado à sua obra para observar a criação ou plantação do jardim vizinho.  

Cada um de nós foi feito para um propósito. Deus quer que demos frutos naquilo que Ele deseja de nós. Não seremos cobrados por aquilo que não recebemos. Quando o homem da parábola dos talentos (Mateus 25: 14-29) retornou a seu país, ele não chamou todos os seus servos e cobrou - lhes de forma coletiva os oito talentos que lhes foram entregues, nem cobrou os cinco talentos daquele que recebera dois. Ele foi em um por um e perguntou lhes o que cada um havia feito com os talentos que lhes foram entregues. Dois deles deram retorno positivo e apresentaram frutos com o que lhes havia sido confiado, já o terceiro que assim que recebeu o talento, o enterrou por medo de investir de forma errada, não teve nada além daquilo que recebeu para devolver ao seu senhor. Todos nós queremos ser servos úteis no Reino de Deus então vamos dar a Ele o nosso melhor. Cada um assume as ferramentas que recebeu  e vamos concentrados em nossa missão pois a seara é grande e os ceifeiros de Cristo são movidos por um único sentimento: o amor.       





Um comentário:

  1. Cada um de nós foi feito para um propósito. Deus quer que demos frutos naquilo que Ele deseja de nós. Não seremos cobrados por aquilo que não recebemos. Quando o homem da parábola dos talentos (Mateus 25: 14-29) Mais um texto esplêndido e esse versículo me tocou muito. Você é mesmo uma mulher usada por Deus. Parabéns!

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