O meu filho tem cinco anos e eu ainda não o deixo mascar chicletes, controlo o consumo de doces principalmente à noite, às vezes me acho meio terrorista, mas minha intenção é apenas zelar por sua saúde bucal. Embora eu converse bastante com ele e explico que tudo tem a hora certa, dia desses me peguei pensando “pois bem qual será a hora certa?”. A dúvida sobre o consumo de guloseimas, o uso do fio dental e do enxaguante bucal motivou o post de hoje. E como gosto de compartilhar com vocês as minhas dúvidas, compartilho também a conversa que tive com a odontopediatra Thuane Neves que falou sobre os cuidados necessários nessa fase tão importante de formação da dentição de uma criança.
Segundo Thuane Neves o quanto
mais tardio o consumo de chicletes melhor, há um risco não somente para a saúde
bucal como também para o processo de deglutição, que até os dois anos de idade
não está completamente definido. “A mãe não deve precipitar-se em oferecer
esses tipos de guloseimas para a criança, mesmo que esta venha a sofrer
influências externas de outras crianças, como na escola, por exemplo”.
A odontopediatra diz que o
cuidado não deve ser apenas com o consumo de chicletes, ela chama a atenção
também a outros alimentos que devem ser evitados pelas crianças. “Há tempos houve-se
falar que o consumo do açúcar afeta os dentes, claro que isso é fato, porém o
que a maioria não sabe é que alimentos ricos em amido também são prejudiciais, como
os salgadinhos industrializados, que são mais cariogênicos que o próprio doce”
alerta Thuane que afirma que esses alimentos pegajosos que ficam “grudados” sob
a superfície dos dentes devem ser também evitados, pois mantêm a bactéria em
constante atrito com o esmalte dental.
Assim como existem os
alimentos que prejudicam os dentes existem aqueles que colaboram para o seu
fortalecimento. A alimentação tem fundamental importância no processo de
prevenção e fortalecimento do esmalte dental. Thuane recomenda a ingestão de
alimentos que possuem porções moderadas de flúor, e que não sirvam
de nutrientes para as bactérias proliferarem. “Alimentos como verduras, carnes,
peixes, arroz e feijão são fontes de flúor. É imprescindível também o consumo
de frutas, que possuem um açúcar bom e não deixam tantos resíduos ao redor dos
dentes” destaca.
Talvez você deva estar
pensando: “Como é possível não dar guloseimas e salgadinhos a uma criança?”. Calma!
Evitar não significa abdicar. Nós vivemos em uma sociedade que se volta a esse
tipo de consumo, mas cabe aos pais ter o controle, mesmo que estes dêem a seus
filhos este tipo de alimento é necessário que seja de uma maneira equilibrada e
principalmente que seja feita a higienização adequada em seguida. A forma mais
eficaz de se evitar cárie nos dentes é por meio da escovação. Os pais devem
estimular a escovação e acompanhar para que a mesma seja bem feita, pois esta é
a melhor forma de remover os resíduos que ficam nos dentes. “O principal erro
dos pais no que se refere a saúde bucal de seus filhos é o início tardio da
higienização oral. As pesquisas comprovam que a higienização precoce é eficaz
no condicionamento psicológico da criança, porque ela se acostuma com a
prática” – enfatiza a odontopediatra que relata ainda que devido a demora no
início do processo de higienização, algumas crianças tornam-se resistentes em escovar
os dentes. “Ainda assim os pais devem insistir, o mercado hoje disponibiliza
escovas odontológicas bastantes atrativas. Quando a criança pode escolher a sua
escova, aquela que contém o seu personagem favorito, ela se sente mais
estimulada com aquele momento diário. Aquelas mais resistentes que se negam completamente
a escovar os dentes eu recomendo o uso das escovas elétricas que servem de
distração e motivação à higiene bucal”.
Além da escovação existem outros
fatores que auxiliam a saúde bucal das crianças como o uso do fio dental e do enxaguante
bucal. “O fio dental deve ser incluído na rotina da criança desde o nascimento
dos primeiros dentes, com o objetivo de levá-la ao hábito. Já o enxaguante
bucal não é recomendado antes dos 4 anos, pois nessa idade a criança ainda não
desenvolveu o mecanismo de cuspir e a ingestão deste produto pode não fazer bem
ao organismo e também por conter flúor
em sua fórmula podem causar fluorese, manchas que desenvolvem nos dentes devido
o excesso de flúor”.
E caso o seu filho ainda
não tenha começado a trocar os dentes, e você está curiosa para saber quando se
inicia o processo, Thuane afirma que a troca dos dentes costuma acontecer por
volta dos 7 anos de idade, porém em sua prática clínica ela tem percebido que
essa troca tem sido um pouco mais precoce, por volta dos 5 ou 6 anos. “É muito
relativo, pois a demora em nascerem os primeiros dentinhos também reflete na
demora de sua troca, variando assim de criança para criança”. E por falar em
nascimento dos dentinhos, os bebês também devem ter sua boquinha higienizada, os
pais devem fazer a limpeza com uma gaze ou pedaço da fralda de tecido umedecido
em água filtrada para a remoção do leite estagnado na boca, limpando o rebordo
da gengiva e da superfície lingual onde se acumula uma “massinha” referente aos
resíduos do leite, tanto materno quanto o de fórmula. De acordo com a
odontopediatra os casos mais críticos e que tem se tornado comum nos consultórios
é de bebes com carie de mamadeira, causada pela amamentação noturna e a falta
de higienização bucal. Lembrando que as crianças devem ser levadas ao dentista a
cada seis meses e os bebês devem ter acompanhamento de três em três meses.