quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Da boca para dentro




O meu filho tem cinco anos e eu ainda não o deixo mascar chicletes, controlo o consumo de doces principalmente à noite, às vezes me acho meio terrorista, mas minha intenção é apenas zelar por sua saúde bucal. Embora eu converse bastante com ele e explico que tudo tem a hora certa, dia desses me peguei pensando “pois bem qual será a hora certa?”. A dúvida sobre o consumo de guloseimas, o uso do fio dental e do enxaguante bucal motivou o post de hoje. E como gosto de compartilhar com vocês as minhas dúvidas, compartilho também a conversa que tive com a odontopediatra Thuane Neves que falou sobre os cuidados necessários nessa fase tão importante de formação da dentição de uma criança.

Segundo Thuane Neves o quanto mais tardio o consumo de chicletes melhor, há um risco não somente para a saúde bucal como também para o processo de deglutição, que até os dois anos de idade não está completamente definido. “A mãe não deve precipitar-se em oferecer esses tipos de guloseimas para a criança, mesmo que esta venha a sofrer influências externas de outras crianças, como na escola, por exemplo”.

A odontopediatra diz que o cuidado não deve ser apenas com o consumo de chicletes, ela chama a atenção também a outros alimentos que devem ser evitados pelas crianças. “Há tempos houve-se falar que o consumo do açúcar afeta os dentes, claro que isso é fato, porém o que a maioria não sabe é que alimentos ricos em amido também são prejudiciais, como os salgadinhos industrializados, que são mais cariogênicos que o próprio doce” alerta Thuane que afirma que esses alimentos pegajosos que ficam “grudados” sob a superfície dos dentes devem ser também evitados, pois mantêm a bactéria em constante atrito com o esmalte dental.

Assim como existem os alimentos que prejudicam os dentes existem aqueles que colaboram para o seu fortalecimento. A alimentação tem fundamental importância no processo de prevenção e fortalecimento do esmalte dental. Thuane recomenda a ingestão de alimentos que possuem porções moderadas de flúor, e que não sirvam de nutrientes para as bactérias proliferarem. “Alimentos como verduras, carnes, peixes, arroz e feijão são fontes de flúor. É imprescindível também o consumo de frutas, que possuem um açúcar bom e não deixam tantos resíduos ao redor dos dentes” destaca.

Talvez você deva estar pensando: “Como é possível não dar guloseimas e salgadinhos a uma criança?”. Calma! Evitar não significa abdicar. Nós vivemos em uma sociedade que se volta a esse tipo de consumo, mas cabe aos pais ter o controle, mesmo que estes dêem a seus filhos este tipo de alimento é necessário que seja de uma maneira equilibrada e principalmente que seja feita a higienização adequada em seguida. A forma mais eficaz de se evitar cárie nos dentes é por meio da escovação. Os pais devem estimular a escovação e acompanhar para que a mesma seja bem feita, pois esta é a melhor forma de remover os resíduos que ficam nos dentes. “O principal erro dos pais no que se refere a saúde bucal de seus filhos é o início tardio da higienização oral. As pesquisas comprovam que a higienização precoce é eficaz no condicionamento psicológico da criança, porque ela se acostuma com a prática” – enfatiza a odontopediatra que relata ainda que devido a demora no início do processo de higienização, algumas crianças tornam-se resistentes em escovar os dentes. “Ainda assim os pais devem insistir, o mercado hoje disponibiliza escovas odontológicas bastantes atrativas. Quando a criança pode escolher a sua escova, aquela que contém o seu personagem favorito, ela se sente mais estimulada com aquele momento diário. Aquelas mais resistentes que se negam completamente a escovar os dentes eu recomendo o uso das escovas elétricas que servem de distração e motivação à higiene bucal”.

Além da escovação existem outros fatores que auxiliam a saúde bucal das crianças como o uso do fio dental e do enxaguante bucal. “O fio dental deve ser incluído na rotina da criança desde o nascimento dos primeiros dentes, com o objetivo de levá-la ao hábito. Já o enxaguante bucal não é recomendado antes dos 4 anos, pois nessa idade a criança ainda não desenvolveu o mecanismo de cuspir e a ingestão deste produto pode não fazer bem ao  organismo e também por conter flúor em sua fórmula podem causar fluorese, manchas que desenvolvem nos dentes devido o excesso de flúor”.

E caso o seu filho ainda não tenha começado a trocar os dentes, e você está curiosa para saber quando se inicia o processo, Thuane afirma que a troca dos dentes costuma acontecer por volta dos 7 anos de idade, porém em sua prática clínica ela tem percebido que essa troca tem sido um pouco mais precoce, por volta dos 5 ou 6 anos. “É muito relativo, pois a demora em nascerem os primeiros dentinhos também reflete na demora de sua troca, variando assim de criança para criança”. E por falar em nascimento dos dentinhos, os bebês também devem ter sua boquinha higienizada, os pais devem fazer a limpeza com uma gaze ou pedaço da fralda de tecido umedecido em água filtrada para a remoção do leite estagnado na boca, limpando o rebordo da gengiva e da superfície lingual onde se acumula uma “massinha” referente aos resíduos do leite, tanto materno quanto o de fórmula. De acordo com a odontopediatra os casos mais críticos e que tem se tornado comum nos consultórios é de bebes com carie de mamadeira, causada pela amamentação noturna e a falta de higienização bucal. Lembrando que as crianças devem ser levadas ao dentista a cada seis meses e os bebês devem ter acompanhamento de três em três meses.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Inveja disfarçada de Justiça



Como um sentimento aparentemente tão inofensivo pode tornar-se em tragédia. 

 



“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos”. Provérbios 14:30




Recordo-me com exatidão de uma certa situação, uma pessoa estava muito alegre e comemorava uma conquista, ela dizia se sentir abençoada com aquilo que acabara de obter. Quando vi pensei: “- Bênção?! Isso é lá bênção! É cada uma que me aparece!” De imediato o Espírito Santo falou em meu coração: “- Quer também? Então peça, que eu lhe dou!” Repentinamente eu respondi: “- Misericórdia! Deus me livre! Não quero isso para minha vida de jeito nenhum”. Então o Senhor me repreendeu: “- Então deixa de inveja minha filha!”. Perplexa com aquela correção, eu o questionei como poderia eu estar com inveja de algo que eu não tinha o menor interesse de obter em minha vida. Com essa experiência Ele me mostrou que às vezes mesmo não querendo o que o outro tem, nos sentimos em algum momento incomodados em ver o outro conquistar. Eu continuei a negar que aquilo fosse inveja, disse que se tratava de um sentimento de injustiça, sabe aquela situação errônea em que nos julgamos mais merecedores de sermos abençoados do que os outros. Não preciso dizer como terminou essa história, mas posso resumir dizendo que lá estava eu reconhecendo o meu pecado e pedindo perdão por ele, afinal, preta ou branca, azul bebê ou rosa pink, inveja é sempre inveja, ou seja, pecado. É sobre este pecado tão difícil de ser assumido pela maioria das pessoas que falaremos no post de hoje. A inveja é autodestrutiva, se alimentada então causa morte, morte espiritual e até mesmo morte física, foi ela a responsável pelo primeiro homicídio registrado na bíblia.  


Caim, o primogênito de Adão e Eva, era agricultor. Abel seu irmão era pastor de ovelhas. Desde sua criação o homem já ofertava ao Senhor como forma de demonstrar sua devoção. E no dia de entregar suas ofertas, os irmãos se apresentaram diante de Deus. Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel trouxe um dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. A Bíblia conta que Deus atentou mais à oferta de Abel. Isso fez com que Caim descaísse o seu semblante. Deus então o questionou o porquê de tal comportamento, afinal, se a oferta que ele havia apresentado era de coração porque não se agradaria o Senhor? Mas a ira já havia entrado no coração de Caim que, motivado pela inveja, ao encontrar seu irmão Abel sozinho no campo o matou.  


Em nenhum momento o texto diz que Deus não tenha gostado da oferta de Caim, não fala que Deus gostava mais de ovelhas do que frutos, o que sabemos é que a oferta de Abel chamou mais a Sua atenção. É de conhecimento de todos que Deus não faz acepção de pessoas tão pouco de suas  ofertas, mas a Tua palavra diz que Ele ama quem dá com alegria ( 2Cor 9:7). O Senhor conhece o íntimo, o profundo e o escondido do nosso coração, por mais que nos apresentamos diante dele com o que achamos ser o nosso melhor, Ele sabe quais são as nossas verdadeiras intenções.  


Abel ofertou ao Senhor a sua ovelha primogênita, a primícia de sua criação. Naquela época era comum entregar ao Senhor os primeiros animais que nasciam do rebanho. Já Caim levou da terra apenas um fruto. Mas o que chama a atenção é que mesmo Caim não tendo o cuidado em ofertar o seu melhor, ele ainda sentiu  inveja de Abel por ter entregue o seu melhor para Deus. Quando percebeu que a oferta de seu irmão havia chamado a atenção do Senhor, ele mesmo menosprezou aquilo que havia levado. Talvez se fosse nos dias atuais Caim diria: “Eu me sacrifiquei tanto para plantar esses frutos, nesse sol quente do Tocantins, espetei meus dedos nos espinhos na hora de colher, até coloquei numa cestinha, e Ele nem olhou”.  E se alguém lhe dissesse “Caim, Caim pare com esta inveja” provavelmente ele diria “Isso não é inveja, só acho que isso foi uma injustiça comigo”. Se analisarmos dessa forma veremos que desde que mundo é mundo, o homem é o mesmo homem. Caim queria reconhecimento, Abel queria apenas dar o seu melhor para Deus. 


Foi Deus quem nos fez, deu-nos fôlego de vida, se não fosse Sua vontade que estivéssemos ainda nesta terra, simplesmente não estaríamos mais. Vivemos debaixo da graça, que é justamente um favor imerecido, nada que fizermos pagará ao Senhor a misericórdia e a graça derramadas em nossas vidas. Logo, ao ofertar ao Senhor ou dispor a servi-lo não pense que você está dando algo pra Deus, porque a Ele mesmo pertence tudo o que temos e o que somos. Deus não se preocupa com a quantidade das ações que fazemos, mas muito mais com as intenções as quais fazemos. Ele se alegra ao ver um filho entregar-lhe o seu melhor, não porque Ele precisa do nosso melhor, pois tudo o que Ele tem é de excelência. A Sua satisfação é ver que um filho soube ser grato com o que recebeu do Senhor e produziu frutos com os dons e as habilidades confiadas a ele. A gratidão é a chave que dá acesso ao coração de Deus. 


Talvez Caim, o primogênito, não esperava que o irmão mais novo que ele, atrairia a atenção do Senhor. “Como assim, sou eu o mais velho! Eu cuido da terra, das plantas, dos frutos, e ele apenas das ovelhas, eu despendo muito mais do meu tempo para cuidar de tudo isso, pois tenho muito mais obrigações que ele. E ele olha para o meu irmão mais novo?”. Deus não quer saber quanto tempo de convertido você tem, se você fala ou escreve bem, não quer saber de suas experiências, tão pouco dos seus bens. O que Ele deseja é que você deixa de olhar para as obras e ofertas das mãos do outro e sinta-se grato por ter suas mãos cheias de bênçãos podendo usá-las para dar-Lhe o seu melhor. Se caso você não tenha o que entregar ou não se sente abençoado naquilo que o Senhor lhe confiou provavelmente você está negligenciando o jardim que o Senhor lhe deu para cultivar, deixando a grama secar, as flores morrer, usando do tempo a ser destinado à sua obra para observar a criação ou plantação do jardim vizinho.  

Cada um de nós foi feito para um propósito. Deus quer que demos frutos naquilo que Ele deseja de nós. Não seremos cobrados por aquilo que não recebemos. Quando o homem da parábola dos talentos (Mateus 25: 14-29) retornou a seu país, ele não chamou todos os seus servos e cobrou - lhes de forma coletiva os oito talentos que lhes foram entregues, nem cobrou os cinco talentos daquele que recebera dois. Ele foi em um por um e perguntou lhes o que cada um havia feito com os talentos que lhes foram entregues. Dois deles deram retorno positivo e apresentaram frutos com o que lhes havia sido confiado, já o terceiro que assim que recebeu o talento, o enterrou por medo de investir de forma errada, não teve nada além daquilo que recebeu para devolver ao seu senhor. Todos nós queremos ser servos úteis no Reino de Deus então vamos dar a Ele o nosso melhor. Cada um assume as ferramentas que recebeu  e vamos concentrados em nossa missão pois a seara é grande e os ceifeiros de Cristo são movidos por um único sentimento: o amor.       





quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Eu preciso de tudo isso?



“As roupas com detalhe em franjas estão super em alta, eu ainda não tenho nenhuma peça”, “Menina, você viu o floral voltou com tudo. Eu preciso urgente de uma roupa deste tecido”

Que atire a primeira pedra a mulher que nunca pronunciou uma das expressões acima. Chegamos ao final de mais um ano, neste período a movimentação nas lojas e shoppings aumentam. A intenção é garantir a compra das roupas a serem usadas nas festas e reuniões de fim de ano. As mulheres amam ir às compras, e esse amor muitas vezes acaba por leva-las a compras desnecessárias, afinal que mulher nunca comprou uma blusa sem necessidade, porque achou linda ou porque estava numa promoção e quando chegou em casa a guardou no armário e nunca vestiu? O problema é afirmar quando for sair que não tem o que vestir. O marido ou os filhos piram neste momento: “Como assim, com um guarda-roupa cheio de roupas, você não tem o que vestir?”.  


Isso se dá a uma necessidade da maioria das mulheres de consumir. No mundo onde a publicidade está estampada até no saco de pão, o cérebro está condicionado ao consumo e isso tem se tornado um problema sério principalmente no que se refere a vestuário e moda. 


Eu fiz um propósito de me conter as compras de roupas por um período determinado. Vi que consumia para viver e não o contrário. Nessa experiência tive a alegria de conhecer melhor o meu guarda roupa, deparei-me com roupas que estavam guardadas e que não eram usadas há anos. Percebi que é possível extrair o novo do velho, basta apenas mudarmos a nossa forma de olhar para ele. Com isso descobri um ponto fraco da moda: ela não é tão inovadora quanto aparenta ser. Tire alguns minutos ou horas (o que vai determinar vai ser o tamanho do seu guarda roupas) para organizar suas roupas e atenciosamente verá peças de renda, animal print que você comprou anos atrás, depois dê uma voltinha e repare as vitrines das lojas. Pouca coisa mudou, não é mesmo? 


Antes que os meus amigos e conhecidos que tem lojas de roupas comecem a se irritar comigo já vou logo afirmando, este post não tem intenção de induzir as mulheres a não comprar roupas, mas sim, a consumir de uma forma mais consciente e proveitosa. Para ajuda-las nessa missão ouvi a consultora de moda, Thalita Siqueira, que trouxe dicas de como vestir-se com estilo sem haver necessidade de fazer estoque de roupas.

De acordo com a consultora o maior e principal erro cometido pelas mulheres é o de serem vítimas da moda, usando todas as tendências sem ser fiel ao seu estilo. “Antes de sair comprando tudo o que está na vitrine é necessário relevar dois pontos: o primeiro deles é conhecer o seu biótipo e o segundo é identificar o seu estilo e imprimir sua personalidade no mesmo”. 


Antes de seguirmos com as dicas, Thalita cita a diferença entre moda e tendência que muitos pensam se tratar da mesma coisa. “Moda é atitude e comportamento, em relação a roupa é o que determinado grupo social está usando, é aquilo que você vê em todo lugar. Tendência é algo que ainda virá a ser moda ou seja, ainda não caiu no gosto popular e certamente cairá” frisa a consultora. 


“A moda está muito democrática e popular, não precisa ser algo caro para ser elegante, mas é importante levar em consideração o custo benefício da peça, pois o barato também pode sair caro” pontuou a consultora referindo-se a alguns erros que algumas mulheres cometem em comprar diversas peças de uma qualidade inferior, podendo reverter o investimento a uma única peça com uma qualidade superior e que poderá ter mais utilidade.  


Existem peças que nunca saem de moda, são chamadas no mundo da moda de “curingas”. De acordo com Thalita a opção por essas peças é uma maneira inteligente da mulher estar segura na hora de montar um look para ir a qualquer lugar. “Uma boa calça jeans de lavagem escura e corte reto, uma camisa branca social, um pretinho básico, um maxi colar, uma calça de alfaiataria e uma bolsa preta média de boa qualidade são as principais peças que toda mulher deve ter no seu guarda roupas”. Ela lembra às mulheres a tomar cuidados com alguns erros cometidos numa produção “Roupas muito justas ao corpo ou muito folgadas devem ser evitadas, as roupas devem acompanhar o desenho do corpo destacando apenas a feminilidade e lembrando a todos a graça de ser mulher”. 


Thalita estende o cuidado também para que na tentativa de imprimir uma sensualidade no vestir, a mulher não caia no erro de tornar o look em um vestuário vulgar, pois se trata de uma linha muito tênue. “A mulher precisa entender que ela não é um produto, ela tem que mostrar sua força e feminilidade em um único look. Lembrando que a verdadeira elegância não está somente no modo de vestir, mas também no modo de falar, agir, andar e se comportar”. 


E aquelas que vão às compras neste final de ano a consultora dá dicas das peças que podem ser escolhidas. “Como todo final de ano os paetês, brilhos, bordados e rendas são excelentes opções. As cores alegres são a cara do verão e para inovar estampas que lembrem a fauna e a flora brasileira. Lembrando que preto e branco e animal print nunca saem de moda” finaliza Thalita Siqueira.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

SOBRE O BLOG


 
Eu não havia pensado nos desafios que era o ser mulher até me tornar mãe. De repente as cobranças tornaram-se maiores, cobranças dos outros e cobranças de mim mesma, afinal, quando nos tornamos mães não podemos dar um "pause" nas outras áreas de nossas vidas para dedicarmos apenas a maternidade. Temos casa, trabalho, casamento, religião entre tantos outros compromissos que devem ser cumpridos. "De salto no mercado - O equilíbrio da mulher moderna", título original, foi criado há cinco anos, sempre gostei de me expressar por meio da escrita, e o blog foi um refúgio, um lugar onde teria liberdade para falar sobre descobertas e até mesmo o medo a ser encarado com a nova vida. 

Eu tive a felicidade de usar do mesmo título em uma coluna voltada às mulheres que eu assinava em um jornal impresso quando morei um período no Estado do Pará. De volta ao Tocantins fui motivada por uma amiga a reativá-lo. Não é preciso dizer que em cinco anos muita coisa mudou, menos o desejo de alcançar o tal equilíbrio, mas confesso ter obtido alguns avanços. Eu fiquei alheia a esta página por um tempo, não estava me identificando com ela. Embora achava o título e a ideia sensacional para mim faltava algo e eu ainda não tinha conseguido identificar. 

Concentrada então em seu título  me veio o entendimento de um equívoco que eu havia cometido ao denominar o seu nome. A mulher não fica moderna, já o tempo, este sim! A mulher cresce em maturidade, entendimento e utiliza do que o mundo moderno oferece a seu favor. E é esse o nosso desafio manter o equilíbrio em meio a tanta modernidade. Esse raciocínio me levou a fazer uma pequena alteração no nome, "De salto no mercado - O equilíbrio da mulher nos tempos modernos". Com uma visão mais clara tudo começou a fluir e então voltei agora para ficar. Vamos falar de uma maneira descontraída de mulher para mulher sobre assuntos que mandamos muito bem ou pelo menos tentamos: relacionamento, maternidade, mercado de trabalho, saúde, beleza e espiritualidade.  


Seja muito bem vinda, sinta-se a vontade! 


Graça e Paz!   

Ana Paula Lopes

  

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Poços entulhados




Desentulhe-se.




"Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim" (Jo 7.28).

Era noite seguia no ônibus, em espírito orava e perguntava a Deus o porquê ainda não tinha obtido os avanços que eu esperava no meu relacionamento com Ele. O Senhor então me mostrou uma casa com um corredor extenso que dava acesso a vários quartos. Alguns com as portas abertas e luzes acesas e outros lá no final do corredor com portas trancadas, algumas delas enferrujadas devido o tempo que permaneceram fechadas. Questionei então o que a casa tinha a ver com a dúvida do meu coração e Ele me respondeu: “Assim como essa casa, é o seu coração. Têm “cômodos” que eu ainda não tive acesso, você não permitiu que eu entrasse neles. Minha filha eu sou morador, não sou mais visitante, eu preciso ter livre acesso em todo o seu coração”. Mesmo não compreendendo a que áreas o Senhor se referia, ao chegar em casa pus me de joelhos ao chão e orei pedindo que Ele tomasse posse de todo o meu coração, e se alguma área da minha vida estivesse fechada para o Seu agir, que Ele pudesse entrar e quebrantar-me. Passaram-se alguns meses, eu estava envolvida nos afazeres de casa, quando ouvi um sussurro do Espírito Santo: “poço entulhado”. Como assim? - perguntei. “O seu coração está como um poço entulhado” – respondeu-me. Para entender o que o Senhor queria me revelar fui ler a bíblia e ver o que dizia a palavra sobre poço entulhado, resolvi compartilhar a mensagem, pois não fala apenas de cura, mas também sobre a obediência ao chamado.

A bíblia fala sobre poço entulhado em Gênesis 26:14-22. Abraão, pai de Isaque cavou poços em Gerar, depois de sua morte, o seu filho tomou posse deles como herança. A bênção do Senhor estava sobre a vida de Isaque devido um juramento de Deus à Abraão de que toda sua descendência seria abençoada na terra, e, isso causou nos filisteus muita inveja, então eles entulharam e encheram os poços de terra, impedindo Isaque de desfrutar de suas águas. Mas Isaque reagiu à ação dos filisteus e foi cavar os poços, porém encontrou muita resistência dos seus inimigos, e é sobre essas resistências que o Senhor quer falar conosco de maneira especial.

No livro de Provérbios 4:23 está escrito “Sobretudo o que deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Esse versículo é distorcido por muitos. “Guardar significa vigiar, conservar, porém muitos confundem o verbo como tapar ou cobrir, como uma forma de defesa devido às muitas feridas que já sofreu ao longo da vida”. Quando passamos por um processo doloroso a tendência é endurecer o coração, fechá-lo, criando muros como forma de defesa de eventuais feridas. Porém o coração humano foi feito para a liberdade e não para prisão, em algum momento, por mais fechado que este esteja, haverá o desejo de abri-lo, desentulhá-lo e é nessa hora que o adversário de nossa alma (Efésios 6:12) induz-nos a confusão de que não devemos fazer isso, pois pode ser perigoso, trazendo a mente tudo o que houve de dor, com isso o coração endurece ainda mais com o ressentimento e a mágoa.

Outra resistência é contra o próprio Deus. Satanás quer que colocamos culpa em Deus pelas nossas feridas e dificuldades que passamos, invertendo assim os papéis. O maligno que é o mentiroso, o destruidor e o acusador.  Ele age no coração entulhando-o colocando você contra Deus, pois ele sabe que Deus age de acordo com a nossa fé, com o coração fechado você não conseguirá relacionar-se com Ele, e dessa forma não receberá as bênçãos que Ele tem para sua vida.

Enquanto lia tudo isso não entendia ainda o que o Espírito Santo queria me revelar. Eu já havia passado por essas duas etapas. Eu havia fechado o meu coração por um bom tempo, para mim todos os que se aproximavam de mim só tinham uma intenção: ferir-me, me magoar, a única solução encontrada foi a de me isolar, assim achava que estava protegida. Mas com muito amor, Deus trouxe o quebrantamento, mostrando que não eram as pessoas que me feriam, mas, as feridas estavam em mim. É a típica história do porco espinho, os espinhos encontram-se nele e não nos outros. Eu já havia passado também pela fase da ira contra Deus, nunca duvidei de Sua existência, tão pouco do Seu agir na vida das pessoas, mas simplesmente eu não me achava inclusa nesse rol dos protegidos por Deus, afinal, onde Ele estava quando sofri abuso em minha infância? Ah, para mim Ele era o Deus que protegia as criancinhas, mas não a mim.

Foi preciso um deserto, uma experiência única diante de Deus, foi preciso passar por situações onde tive que confiar apenas Nele para eu entender que da mesma fonte que brota águas vivas não brota águas amargas. O Reino de Deus não é este mundo, o mundo jaz no maligno (1 João 5:19). Ele deseja guardar todos debaixo de Suas asas, mas, Ele só entra no lugar onde Ele é chamado. Para que o reino Dele estabeleça na terra é necessário corações dispostos a servi-lo, propagar o Teu evangelho, disseminar o Teu amor. Mas um coração entulhado não mina água, como falar de amor com um coração cheio de mágoa? 

Depois disso pedi ao Senhor que retirasse os entulhos que ainda restavam ali, pois queria servi-lo e falar de seu amor onde quer que eu fosse. Ele me respondeu: “Os entulhos das dores do passado já foram retirados, mas você ainda cobre o seu passado. É tempo de romper o silêncio, não envergonhe do seu testemunho, pois enquanto você se esconde, pessoas que passam ou passaram pela mesma experiência que você permanecem aprisionadas ao mal. Eu preciso “alargar” (Gênesis 26:22) o seu coração para que o meu Espírito flua por intermédio de sua vida”.

Talvez você deva estar pensando ao chegar até aqui, ela não precisava escrever sobre algo tão íntimo entre ela e Deus. Lamento decepcioná-los. O evangelho urge em ser pregado, e tem muitas pessoas que só de olhar em seus rostos vemos nitidamente o seu chamado, o propósito para o qual foram criados, mas, encontra-se com o coração entulhado. Pessoas que se consideram seguras demais, mas em seu coração só abriga a insegurança e o medo.  Quando desobstruímos o nosso coração, o Espírito Santo de Deus nos enche com sua unção e isso nos leva a mais intimidade com Ele.

Não aceite a intimidação e a mentira do maligno. Ele quer que você pense que a doença de seu filho é um fardo que Deus lhe deu para carregar, que a guerra que você passa em seu casamento é porque Deus não quis que você se casasse e por isso permite que você padeça ou que você jamais será feliz em um relacionamento amoroso, afinal, você é bem sucedida financeiramente e ninguém pode ser feliz e completo em todas as áreas de sua vida. É mentira! Não existe fardo, não existe condenação para aquele que está em Cristo. Ele levou sobre Si. “Está consumado!” (João 19:30). A liberdade é a nossa herança, pois por meio de Jesus nos tornamos filhos de Deus. A bênção do Senhor está sobre nossas vidas, tome posse, confie o seu coração ao Senhor e experimente o fluir de Deus em sua vida. Muitos pedem bênçãos, mas a melhor bênção é poder ser canal de bênçãos para o Senhor agir na vida de outras pessoas. Diga sim ao seu chamado, busque as coisas do alto, não olhe para inimigos humanos, busque primeiro as coisas de Deus e tudo o que for necessário para o cumprimento de seu chamado e o crescimento do seu ministério Ele lhe dará (Mateus 6:33).