segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O verdadeiro jejum






“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?” (Isaías 58:6)


Dentre tantas mudanças que o Senhor fez na minha vida, quebrar o jugo da crítica foi uma das mais fundamentais para o meu crescimento. Nessa área eu fui literalmente quebrada e venho sendo moldada pelo Senhor. Eu era uma pessoa extremamente crítica, para todas as coisas eu tinha que dar a minha opinião ou melhor “meter o bedelho”, com sua licença para o uso da expressão popular. Eu acho linda a forma como Deus trabalha em nossas vidas, de fato o Espírito Santo de Deus é mesmo um “gentleman” pois não entra onde não é convidado. Num certo momento da minha vida comecei a reparar-me em meio a pessoas que olhavam as outras dos pés a cabeça antes mesmo de olhar em seus rostos, me vi em rodas de conversas regadas a risadas maldosas sobre o comportamento de outras pessoas. De repente aquilo tudo começou a incomodar-me de uma forma que nunca havia me incomodado anteriormente. Nesse período eu pude assistir um vídeo de uma ministração cujo tema era “o verdadeiro jejum”, e ali o Senhor confrontou poderosamente o meu coração, levando-me a fazer um propósito caso eu quisesse que Ele trabalhasse aquilo em minha vida.

Raramente uso anéis, então resolvi colocar um anel em meu dedo no tempo estabelecido pelo Senhor para sempre que eu fosse tecer alguma crítica à alguém, mesmo sendo em pensamento, eu olhasse para minha mão e analisasse a fundamentação daquilo que eu pensava e qual era a minha intenção. O problema das nossas ações não são as ações por si mesmas, mas as intenções por trás delas. Deus sonda os nossos corações, ou seja, Ele observa as intenções por trás de cada uma de nossas atitudes, e conduziu-me a sondar meu coração também antes de falar e pensar pelos “cotovelos”. Essa experiência me trouxe muita reflexão sobre minha forma de olhar as pessoas, e percebi o quanto julgava baseando em “pré-conceito” adquirido apenas a partir da minha ótica.

Nenhum fruto nasce senão de uma árvore e nem uma árvore cresce se não tiver criado antes raízes. A crítica excessiva é um fruto, a sua árvore pode ser do "orgulho", da “amargura”, da “rejeição”, da “rebelião” e até mesmo da “autocondenação”, quando a pessoa condena uma atitude sua ou uma situação em que vive e como forma de autonegação busca no outro o mesmo defeito que há em si na tentativa de aliviar o que sente. Pessoas que sofrem com o seu peso acabam atacando quem tem o mesmo peso que ela, há casos de mulheres que sofrem com a infidelidade do marido e refugia-se do seu problema comentando a infidelidade ou comportamento do marido de uma outra. Todo mau comportamento, fruto de uma dessas raízes, requer muita dedicação para ser transformado. Podar os frutos não impede que eles não nasçam de novo é necessário trabalhar na raiz. Na parábola da figueira que não dava fruto contada por Jesus a seus discípulos (Lucas 13:6), o seu dono pediu ao servo que a cortasse, pois, ela era inútil, mas o servo pediu lhe um tempo pois iria “escavar e colocar esterque” em sua raiz, ou seja o problema poderia estar em sua raiz. O mesmo pode ser feito com árvores que não vem dando bons frutos.  O Espírito Santo pode nos mentoriar no papel de escavador retirando a terra que não é fértil e adubando as nossas raízes com a palavra de Deus. E cabe a nós sugá-la para que saiam de nossos ramos novos e bons frutos.  
    
No versículo de Isaías 58:6-12 que inicia esse post Deus diz "Este é o jejum que eu escolhi," e então o recomenda para nós. Nesse jejum Ele não se refere apenas a abster-se de comida, mas de jejuar dos maus sentimentos que habitam dentro de nós, e num tempo determinado, que é no período de toda a nossa vida, com o intuito de soltarmos as correntes da injustiça - quanta injustiça fazemos com nossos julgamentos - desatarmos as cordas do jugo - condenamos as pessoas baseado no nosso ponto de vista - quebramos todos os jugos - assim então poderemos ser de fato usados por Deus para abençoar a vida dessas pessoas, seja com um sorriso, um abraço ou um “Deus Te Ama”, afinal ninguém sabe qual o problema que o outro está passando. Assim como qualquer outro jejum, este não faz diferença para Deus, pois, Ele continua sendo Deus, independente do que nós façamos, mas faz diferença em nossa vida, pois somos libertos, afinal os escravos da crítica não são as suas vítimas, mas, sim os seus críticos. 

Talvez você chegue até aqui e diga “E a liberdade de expressão?”. Calma, ninguém disse para que você deixe de ter suas opiniões a respeito das pessoas, mas, antes de emiti-las e mesmo dar a elas um espaço em sua mente, questione: com que intenção eu faço essa crítica, ela é construtiva ou destrutiva? E então avaliamos se nós gostaríamos de ouvir aquilo, afinal, o que não queremos a nós não devemos fazer com o outro. A palavra de Deus diz em Mateus 7:3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?” o versículo não fala apenas sobre vermos os defeitos dos outros e ignoramos os nossos, mas é um convite para retirar a trave do sofisma, do orgulho, da vaidade para poder enxergar o outro da forma como ele realmente é. Você já viu alguém pela fresta de uma porta? Não é possível ver a pessoa toda, não é mesmo? Assim também funciona quando tem traves em nossos olhos.  



Se você não se identificou com este texto, pois abomina tal comportamento receba os meus parabéns, isso é o verdadeiro significado da liberdade que não aprisiona os seus pensamentos a coisas que não edificam. Mas se você é excessivamente crítico e acha que isso não afeta sua vida pergunte ao Senhor qual a opinião dEle a respeito desse seu comportamento. Muitos cristãos alegam que a expressão “menos de mim, mais de Ti” é não falar de si e somente de Deus, o que não deixa de ser verdade, mas é também esvaziar de si, retirar todo o entulho do nosso coração substituindo pelos sentimentos que o Senhor quer que tenhamos afinal a boca fala do que está cheio o coração, se nosso coração estiver cheio dos sentimentos e os frutos do Espírito Santo nossas palavras e atitudes irão condizer.  É comum levarmos ao Senhor as nossas petições. Mas Deus quer nos dar bênçãos que realmente façam diferenças em nossas vidas. Talvez aquilo que você pediu ao Senhor já lhe foi entregue, mas você tem que tirar a trave do seu olho para poder enxergar.  

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